quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Fazer memória, construir história!


"Os mortos que ficaram sem sepulturas nas Guerras e os campos de extermínio afiançam a ideia de uma morte sem amanhã e tornam tragicômica a preocupação para consigo mesmo e ilusórias tanto a pretensão do 'Animal Racional' a um lugar privilegiado nos cosmos, como a capacidade de dominar e de integrar a totalidade do ser numa consciência de si" (LÉVINAS, Emmanuel. Humanismo do outro homem. Petrópolis:Vozes, 1993. pg,83)

Fazer memória do Holocausto, no dia de hoje, significa descortinar a nossa existência para uma vida com amanhã, com esperança. Sim, esperança!

O olhar que se volta aos terríveis eventos dos campos de extermínio e morte 'sem amanhã', se apenas se fixa no fato da dor e da morte, se torna estéril e fonte de uma revolta tão perigosa e preconceituosa quanto a que deu origem à redução à Totalidade que explodiu na segunda metade do Século XX.

A recordação de hoje deve alimentar a certeza de que o homem, nenhum homem ou povo, é dono da verdade e que o conhecimento da verdade a que chegamos jamais pode ser imposto à outra consciência por meio da força ou da tentativa de aniquilar a diferença do Outro, seja ela #racial , #sexual , #religiosa , #étnica , #social , de #gênero ou da própria identidade do outro enquanto outro.

O Holocausto é, sim é, no presente, o ponto culminante de um processo de arrogância da razão humana que acha que pode reduzir tudo ao seu redor à sua consciência e visão de mundo. Isso começa no Século XV, apresenta seus show de horrores no Século XX, mas camufla-se nos preconceitos infundados e hipócritas de nossa "livre" sociedade pós-moderna.

Lá, foram os judeus, povo que gerou Jesus Cristo e n'Ele o alicerce da sociedade Ocidental, o Cristianismo. Ver a tortura e aniquilação desse povo é ver a tentativa de destruição do projeto integrador e humanitário que os valores judaico-cristãos disseminaram no Ocidente, e neles, a destruição de toda e qualquer diferença, uma tentativa de reduzir tudo ao "mais do mesmo"!

Esse processo continua, em "inofensivas instâncias": piadas, demissões, agressões, desvalorização e "normatividades".

Sim, sendo um não-judeu faço memória do holocausto, para que o horror desse lembrança morra em mim e que, fazendo o mal parar em mim, eu seja um instrumento de #paz e #bem no mundo, em cada mundo que se chama Outro!