quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

A esquizofrenia do "menino veste azul e menina veste rosa"

Vamos lá:
A 'inoscente' (por favor, veja a ironia que estou usando ao aplicar esse vocábulo) frase "menino veste azul e menina cesta rosa" (não é fakenews, o vídeo está aí para quem quiser) é a manifestação da hipocrisia de um governo que escalou o poder com o discurso de que "nenhum viés ideológico deve ocupar o poder". Ora, além de ser uma frase paradoxal, torna-se, agora, um atestado de hipocrisia.
Você deve estar articulando a seguinte oposição: "Mas menino (a) tem que vestir..." Por favor, não termine! E não, não estamos falando de 'ideologia de gênero', estamos falando de pessoas humanas. Olha, a primeira coisa que é importante saber é que não existe ideologia de gênero, mas questões de gênero. Além disso, gênero é o vocabulário que se usa para falar dos papéis sociais assumidos pelos indivíduos na sociedade. Perceba que isso não tem a ver com sexualidade, mas com a possibilidade de um homem ser x coisa geralmente atribuída a mulher e de uma mulher ser y coisa geralmente atribuída a um homem. É disso que se fala ao falar de gênero!
Outra questão é saber que papéis de gênero não influenciam na sexualidade. Queria te dizer que o uso de uma cor não torna alguém mais hétero ou mais homo. A questão da sexualidade permanece ainda uma questão de investigação das ciências, sem uma resposta definitiva até hoje. Porém, o discurso assumido pela ministra acaba sendo perigoso, porque rompe a normalização e normalidade da diversidade, fazendo com que a massa escute que o menino que veste rosa seja visto como menos menino e, consequentemente, alguém que precisa ser normatizado. O problema é que a normatização, às vezes, faz-se por meio da violência verbal, social, emocional e física! Tal postura tende a invisibilizar as diferenças individuais que as pessoas tem. Tal processo já começou com a exclusão da comunidade LGBT da M.P. 870/19. Publicados nesta quarta-feira no Diário Oficial da União (D.O.U.), a Medida Provisória 870 e o decreto 9.668 “rebaixaram” a população LGBTI na formulação das políticas e diretrizes de direitos humanos no país. Antes objeto do trabalho de uma secretaria nacional na estrutura do ministério, a exemplo das que contemplam as pessoas com deficiência, crianças e adolescente e o combate à violência contra as mulheres, entre outras, a promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais agora ficará a cargo de uma diretoria subordinada à Secretaria Nacional de Proteção Global, o que representa uma perda de status desta população dentro do sistema, uma silenciamento simbólico daquilo que se perpetua na prática política. Contudo, isso é coerente com a frase do presidente de que "as minorias devem se curvar às maiorias".
Por favor, entenda que não estou "defendendo" a prática LGBT ou a identidade de gênero. Estou, isso sim, defendendo a liberdade das pessoas serem quem são e realizarem seus projetos de vida em uma sociedade que possibilite igualdade perante a lei e a proteção do indivíduo, independente de sua cor, sexo, religião, sexualidade e condições sociais. O que desejo é que o meu próximo tenha aquilo que também desejo para mim: respeito e liberdade de construção do seu projeto de vida dentro do bem comum...

#pensandoalto

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